CEB e PAGU, dois centros interdisciplinares de pesquisa fazem reuniões com os candidatos

Dois centros de pesquisa interdisciplinar, com focos de estudos bem diferentes, o CEB – Centro de Engenharia Biomédica e o Pagu – Núcleo de Estudos de Gênero são ligados à Cocen, foram visitados virtualmente pelos candidatos a reitor, Sergio Salles e a vice-reitora, Eliana Amaral, no dia 4 de fevereiro.

O CEB tem uma relação muito próxima à área da Saúde e tem colaborado com a Força Tarefa da Covid-19, não só com a manutenção dos equipamentos, atividade que já desenvolve junto aos hospitais da Unicamp, mas também no desenvolvimento de equipamentos de proteção à contaminação pelo coronavírus. O Centro tem uma estrutura diferente do Pagu, por exemplo, por essa característica de prestar esse tipo de serviço, o que exige uma grande quantidade de funcionários com especializações específicas. Ao todo são 65 pessoas no CEB, um contingente grande de servidores.

Entre as reivindicações do CEB, uma que chamou a atenção na reunião foi relativa à governança dos equipamentos. O pessoal do Centro cobra que haja uma integração com o setor de compras desde o momento de pesquisa e aquisição de equipamentos, para definir a compatibilidade com outros equipamentos já disponíveis, com a rede elétrica, com a capacidade de atendimento de manutenção e reforma, para evitar perdas e atrasos na manutenção, como tem acontecido.

Sergio concordou que se trata de uma questão de governança. Pra ele, a questão se resolve concentrando compras em um mesmo setor e definindo um protocolo para compras. Na área da saúde já está sendo pensada essa estratégia de unificação e Sergio se comprometeu a implementar a medida, caso venha a ser o reitor no próximo quadriênio. Além disso, ele acredita que seja necessário criar esses protocolos para aquisições, de modo a ter mais facilidade depois para manutenção e reposição de peças.

Em relação à reposição de equipamentos, que foi outra questão apontada, o candidato acredita que sua proposta de planejamento plurianual vai permitir uma previsão de gastos mais realista em relação às demandas. Mesmo que não se tenha em mãos os recursos para atender imediatamente as necessidades apontadas, vai ser possível planejar qual é o volume de recursos financeiros e humanos e como resolver em prazos determinados.

Esse planejamento deve favorecer também a retomada de contratações e progressões nas carreiras. E em casos em que não se possa abrir concurso no tempo necessário para atender às demandas, é possível criar um modelo híbrido, com contratações pontuais para complementar o quadro de funcionários do CEB. Essas medidas devem ajudar a diminuir a sobrecarga de trabalho, permitindo que o centro realize as atividades a que se destina.

PAGU

Já as demandas do Pagu coincidem com as do CEB apenas no que diz respeito à necessidade de contratação ou reposição de pessoal, por exemplo, funcionários para a biblioteca e pesquisadores que deveriam ter sido contratados e treinados para substituir duas pesquisadoras que devem se aposentar em breve e que são responsáveis por importantes áreas de pesquisa do Núcleo.

O Pagu é um dos principais centros de pesquisa em gênero do país, possui a principal revista na área de gênero no Brasil, e hoje encontra dificuldades para se manter após o corte de recursos, tanto da Unicamp, quanto do CNPq. Além disso, o orçamento total anual do Núcleo é de 15 mil reais no ano, insuficientes para a manutenção das condições mínimas de funcionamento.

Outra questão que o Pagu vem enfrentando é a dificuldade de adaptar a solicitação no edital de infraestrutura para laboratórios para ciências humanas. Isso porque, o termo laboratório remete imediatamente às hard sciences, e que nas ciências humanas não tem bancada nem equipamentos caros, e é fundamentalmente a biblioteca. Regina Fachinni, uma das pesquisadoras presentes, ressaltou a diferença de ter uma biblioteca numa unidade de ensino de uma de unidade de pesquisa.

A candidata a vice-reitora, Eliana Amaral fez um comentário na mesma linha. Segundo ela, a visão de biblioteca da Unicamp é ultrapassada. “Hoje é espaço para aprendizagem (individual, em grupo), não é só infraestrutura, mas uma questão conceitual”. Sergio complementou que no programa da chapa Uma Só Unicamp não há proposta de fusão de bibliotecas, como foi sugerido na gestão atual. “Entendemos que a biblioteca é um espaço mais amplo que só acervo, também de atração de pesquisadores de várias partes, com acervos muito específicos nas humanidades”.

Sergio continuou respondendo às reivindicações do grupo, concordando que um orçamento de 15 mil reais por ano é pouco, e que certamente dificulta a gestão. Segundo ele, há disponibilidade para fazer revisão dos orçamentos, pois há disparidade grande entre unidades e centros e núcleos. Mas isso só deve ser feito a partir de planejamento e com demandas justificadas. Também na reunião com o Pagu o candidato abordou como a proposta de planejamento plurianual poderá prever de maneira mais clara quando haverá recursos para demandas como as trazidas pelo pessoal do Núcleo.

Em relação à progressão da carreira PQ, o Pagu foi um dos núcleos que teve pesquisadoras contempladas e que não puderam ser promovidas por causa da Lei 173 (lei federal promulgada em função da pandemia, que proíbe contratações e aumento de gastos do setor público). E sobre isso, Sergio afirmou que a ideia é tentar resolver já em 2021, uma vez que, embora a lei 173 esteja barrando essas progressões, assim que houver brecha jurídica, casos semelhantes que tenham passado, será possível retomar esses processos.

Para Sergio, a ideia é dar função de planejamento para a Comissão de Orçamento, que não tem hoje. A visão do candidato é otimista sobre e ele espera atacar os problemas o quanto antes. E aproveitou para dizer que considera a possibilidade de rever a carreira PQ, alterando a condição de 3 níveis e trazendo níveis intermediários, que permitam uma maior mobilidade dos pesquisadores ao longo do tempo.

Também fazem parte das propostas da chapa Uma Só Unicamp conseguir um maior equilíbrio entre ensino, pesquisa e extensão, que tem que ter rebatimento na valorização das carreiras e na avaliação. Sobre isso, a pesquisadora Natália Padovani garantiu que o espaço físico do PAGU está montado para promover esta articulação. E ainda ressaltou que a divulgação científica é muito importante na articulação dessa tríade para produzir um diálogo mais amplo com a sociedade.

Leia sobre a reunião dos candidatos Sergio e Eliana com profissionais dos Centros e Núcleos: https://www.sergioeliana21.com.br/pesquisadores-e-funcionarios-dos-centros-e-nucleos-mostram-preocupacao-com-as-carreiras-mas-tambem-com-a-ampliacao-das-relacoes-com-a-sociedade/

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