Em quatro reuniões que tivemos em unidades diferentes da Unicamp esta semana – entre quarta e quinta-feira (16 e 17/12) – foram apresentados novos subsídios para pensarmos as questões mais preocupantes da Universidade. Promovemos encontros virtuais com as comunidades do Instituto de Física “Gleb Wataghin” (IFGW), do Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas (DTG/FCM), da Diretoria Geral de Recursos Humanos (DGRH) e do Instituto de Biologia (IB). Questões orçamentárias e os planos de carreira foram os temas mais recorrentes, além das particularidades de cada unidade. Aprendemos e incorporamos muito nestes encontros, onde todos nos unimos para pensar um futuro melhor para a Unicamp.
Na reunião com o IFGW, no final da tarde de quarta-feira (16/12), a primeira questão foi sobre como enfrentar os desafios diante das restrições orçamentárias, que implicaram no congelamento da progressão de carreiras, atrapalhando inclusive a captação de recursos para pesquisas. Burocracia e gestão também foram temas trazidos para a discussão.
Para o professor Sergio Salles, este é um problema muito sério, “uma questão crítica hoje na Universidade”. “Queremos resolver de cara o represamento. O futuro da Universidade depende disso. É uma questão de vida ou morte”, acrescentou. Ele acredita que a Unicamp precisa avançar para outro patamar, isso implica em um novo modelo de gestão.
“Nos últimos anos criou-se uma clivagem geracional por conta das regras de aposentadoria e gratificação, a restrição orçamentária e a Lei Complementar 173. Nós vamos ter de fazer uma reinterpretação destas restrições. Queremos fazer o desrepresamento do que foi represado. É uma reorganização e reinterpretação que passa por questões jurídicas. Pensamos numa política institucional de alavancamento de recursos”, completou Sergio. Para Eliana Amaral, “a lógica do individualismo não se sustenta mais. A Unicamp é institucionalmente complexa.”
Os professores do IFGW falaram da necessidade de otimização de recursos para promoção de docentes e funcionários da carreira PAEPE. Manifestaram na ocasião a preocupação de que a carreira de professor universitário fique tão pouco interessante a ponto de acontecer com o ensino superior o que aconteceu com o ensino médio.
Sergio acredita que investir nas facilities é uma alternativa: “São engrenagens fundamentais para o futuro da Universidade. A Unicamp está trasada nesse aspecto. É uma tendência que a gente precisa perseguir, mais uma frente que a Universidade precisa avançar”, ele disse. A professora Eliana falou do fundo patrimonial Lumina (https://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2020/10/22/unicamp-lanca-fundo-patrimonial-lumina-e-busca-doadores). “Isso tudo é uma mudança de curso. Sabemos que devemos consolidar que somos uma universidade pública, gratuita, socialmente responsável. Mas uma coisa não anula a outra, temos de transitar neste campo.”
A reunião chegou a ter 38 pessoas. No final, ouvimos comentários como: “Foi muito esclarecedor.” Nós agradecemos a oportunidade e podemos afirmar que para nós também acrescentou muito conteúdo.
Tocoginecologia/FCM
Em nosso encontro com o Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas (DTG/FCM), na manhã desta quinta-feira (17/12), reunimos cerca de 22 pessoas. Falamos sobre a necessidade de revisão dos processos ligados à gestão, burocracia e governança. Também trouxeram para a discussão aspectos ligados à educação como o Profis, a evasão dos alunos e o destino dos egressos (“O destino dos formandos é muito angustiante”, disse a professora Sophie Derchain). As dificuldades para as publicações, que estão relacionadas à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e que impactam na produção científica, também entraram na pauta.
A professora Eliana Amaral, integrante da equipe DTG/FCM e também pró-reitora de Graduação, apresentou dados sobre o Profis e a evasão na Universidade. Ela falou da tentativa da Unicamp de negociar com o Estado a questão orçamentária, buscando financiamento para a expansão do Profis. Por enquanto, não houve avanço nesse sentido, mas a Universidade tem planos de viabilizar o programa em Limeira. “O ideal mesmo é fazer uma transformação radical nos currículos, com núcleo comum de disciplinas como na FCA, com uma formação geral”, complementou Eliana.
De acordo com a professora, a evasão total da Unicamp hoje é de 37%. “É alta, mas é mais baixa que os números estaduais e federais, em todo o país, que chegam a 40%. Nas instituições privadas superam os 50%, por razões econômicas”, disse Eliana. “Há várias razões para a evasão na Unicamp, mas ela não é por razões econômicas, é muito mais por questões curriculares. Estamos trabalhando agora com indicadores precoces, junto aos CTUs (Coordenador Técnico de Unidade).”
O excelente debate com os professores gerou comentários espontâneos como: “É assim que se constroem as coisas. Foi muito bom.” A professora Eliana concordou: “Com ideias e críticas, é a partir daí que nós fazemos as propostas”. O professor Sergio Salles disse que muita coisa ali discutida certamente será incorporada: “Esperamos contar com o apoio de vocês.”
DGRH
Nossa conversa no DGRH, nesta quinta-feira (17/12), também foi muito esclarecedora e participativa. Tivemos a presença de 15 funcionários. Muitos temas importantes foram trazidos para o debate, entre eles a melhoria na comunicação entre RHs e DGRH.
Falamos sobre a inteligência coletiva e a gestão de competências dos funcionários, avançando para o assunto de capacitação dos profissionais de RH e de DGRH. Ainda sobre estas questões, conversamos sobre a mobilidade de funcionários.
Em função do próprio caráter do DGRH, as preocupações trazidas são sempre muito amplas e abrangem questões de toda a Universidade, como a gestão de projetos estratégicos, a adoção de Home Office, a carreira em Y, políticas integradas e estratégicas de Recursos Humanos e o assédio moral, no âmbito do combate e da informação sobre acolhimento. Agradecemos a rica oportunidade de poder ouvir e falar com a equipe.
Biologia
O encontro no Instituto de Biologia, no fim da tarde desta quinta-feira (17/12), reuniu docentes e funcionários que propuserem diversos temas, entre eles alguns que já têm aparecido nas reuniões em outras unidades, como carreiras docente e PAEPE, gestão do Hospital das Clínicas e Comunicação. Outros assuntos menos frequentes também foram colocados em discussão, como a ocupação da área da antiga Fazenda Argentina, maior representação da sociedade nos Conselhos da Universidade e o estímulo à pesquisa interdisciplinar de fronteira. A conversa trouxe a oportunidade de Sergio Salles e Eliana Amaral apresentarem suas propostas de ampliar a interação com a sociedade.
Um dos canais que se pretende abrir é de diálogo com Governo Estadual, Assembleia, Secretarias, Ministérios, como o objetivo de pautar o governo e de mostrar como a Universidade pode ser parceira na solução de problemas. Essa é uma parte da Comunicação que deve ser repensada, criando-se mais oportunidades de diálogo com toda a sociedade, de forma segmentada para atingir diferentes públicos, garantindo acesso aos meios de comunicação mais tradicionais como a grande imprensa e atendendo aos novos meios como as redes sociais, de forma ativa. Essa deve ser também uma forma de valorizar mais os profissionais da instituição.
Sergio comentou também sobre a pesquisa interdisciplinar, que pode ser beneficiada com o conjunto de propostas da campanha como o escritório para buscar financiamentos de fontes diversas e a expansão de cursos mais inovadores. Eliana, hoje pró-reitora de Graduação, complementou com informações sobre reformulação das engenharias nos próximos dois anos, mudanças nos currículos de modo a ter menos horas em sala de aula, mas lembrou que essas mudanças vão exigir contratações de profissionais com diferentes perfis para atender aos novos modelos.
Terminamos nossa quinta-feira revigorados com tantas contribuições que tivemos nestas quatro reuniões. Fique conosco:
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