Debate na FEEC aprofunda questões importantes e gera muita troca

Cerca de 35 pessoas participaram da reunião que tivemos com a Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp nesta quarta-feira (13/01). O encontro nos trouxe aprofundamento em questões importantes e nós tivemos uma ótima oportunidade de fazer um debate de qualidade. Os temas levantados perpassaram pelos recursos da Universidade até as carreiras, bolsas, comunicação e gestão.

Sobre as incertezas dos recursos provenientes do repasse de ICMS pelo governo do estado de São Paulo, Sergio Salles lembrou que nos últimos oito anos a Unicamp tem se mantido em déficit e tomou várias medidas para redução dos gastos e custos. “O orçamento para o ano que vem não é tão ruim quanto se anunciava há alguns meses. Nossa situação orçamentária financeira não é boa, mas não é tão ruim. Portanto, continuar com responsabilidade na administração destes recursos é essencial”, disse o professor. Uma boa gestão é fundamental nesse sentido.

O programa de gestão de Sergio e Eliana também contempla a institucionalização e a profissionalização na busca de recursos. “Nós vamos ampliar a captação de recursos. Vamos ter grant offices e área de busca de recursos. Indiretamente isso traz um beneficio para todos, se for feito de forma inteligente.”

Carreira

O tema carreira tem sido obrigatório nos encontros. Para Sergio e Eliana, a ideia é desenvolver as carreiras. “Vamos partir do resultado do Grupo de Trabalho (GT). Sabemos que tem um material importante para que a carreira seja mais atraente e para que ela acolha melhor a grande diversidade de funções – como médicos, músicos, jornalistas etc – que precisamos atender”, disse Sergio.

A questão da mobilidade também foi tratada sob o ponto de vista da carreira. “Há hoje uma cultura equivocada neste ponto. Se há planejamento, um banco de competências que permita negociação pode funcionar. Também estamos trabalhando na linha de capacitação. Educorp (Escola de Educação Coorporativa da Unicamp) foi um bom avanço. Não podemos perder pessoas altamente capacitadas.”

Sobre o represamento de carreiras, há no programa um plano de recuperação. “Existe um grande represamento de progressões e de concursos de titulares. Vamos ter um plano para tratar disso. Há componentes político, jurídico e prático que estão sendo levados em conta em nosso plano”, explicou Sergio à comunidade da FEEC.

Sergio e Eliana se comprometeram a fazer o desrepresamento e rever a desvinculação entre concurso livre docente e promoção. “É preciso dar uma solução para isso. Primeiro zerar o represamento dos que foram homologados e depois fazer concursos. Temos que fazer isso de forma segura. Também precisamos revisar a carreira, ela não dá mais conta do que existe hoje.”

Avaliação

Em referência ao artigo publicado no último dia 7 de janeiro, no jornal O Estado de S. Paulo, de Adriana Bin e Sergio Salles (“Bolsas de pesquisa para quem precisa”), levantou-se a questão das publicações, que não são a única forma de disseminar o conhecimento. De acordo com Sergio, a chapa tem grande preocupação em fazer avaliações multidimensionais das pesquisas realizadas na Universidade. “Faz todo sentido pensar nos efeitos econômicos e sociais da produção do conhecimento, via teses e dissertações, considerando não apenas as publicações. As avaliações precisam avançar e melhorar neste sentido.”

Eliana também defende que haja uma cultura avaliativa para que as pessoas compartilhem o que elas fazem. “É uma discussão de base filosófica, para discutir o que é o paradigma da carreira acadêmica.” Dentro deste contexto, destacaram a importância do tema para a construção do conceito de uma nova universidade. “Nós temos a obrigação de saber comunicar, de contar para a sociedade o que fazemos”, complementou Sergio.

Comunicação

As transformações provocadas pela situação de pandemia também foram discutidas durante a reunião, sob o aspecto do quanto aumentou a necessidade da Universidade se comunicar melhor com a sociedade. O que vai permanecer pós-pandemia destas novas formas de interação foi uma das questões colocadas, tanto no âmbito da imagem da Unicamp quanto na relação do professor com suas atividades. Na visão da professora Eliana, para nos aproximarmos da sociedade é preciso também criarmos a sensação de pertencimento.

De acordo com Sergio e Eliana, a Universidade precisa ser compreendida pela comunidade em sua completude. “É preciso investir na expansão da comunicação”, disse Sergio, que lembrou do período em que foi diretor da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) e contratou uma jornalista. “Comunicação é algo complexo, há linguagens específicas. Nós vamos investir nesse assunto, porque não é só a divulgação científica que é importante. Temos só 17 jornalistas na Universidade, é um grupo pequeno. Mas é preciso pensar na governança e também em equipamentos. Esse assunto é ponto pacífico para a chapa.”

Os “professores youtubers” e outras metodologias ativas certamente serão incorporados às atividades didáticas. “Precisamos mudar abordagens individuais e, mais do que isso, precisamos de tomada de decisão coletiva das unidades e Universidade. Nós vamos na direção que o mundo inteiro está falando: trabalhar comunicação e conflitos. Podemos ter modelo híbrido de ensino para sempre? Sim, podemos. Devemos nos apoderar melhor de alguns conceitos, é possível fazer diferente e isso é muito melhor para todos”, disse Eliana.

Outro assunto que vem sendo tratado pela chapa Uma Só Unicamp, de Sergio e Eliana, é a gestão dos diferentes sistemas, incluindo o Centro de Computação (CCUEC) e sistemas das unidades. “Precisaremos contar com a FEEC para evoluir e encontrar melhores soluções. A Unicamp deixa de ser competitiva pelo tempo gastos em seus processos. Temos que atuar fortemente neste assunto.”

No IG, Sergio promoveu, como diretor, o mapeamento e a otimização dos processos, que ainda não foi concluído. “O que foi feito no IG já trouxe um ganho importante. Vamos dar passos críticos para a melhoria dos sistemas corporativos. Precisamos estar bem posicionados frente às outras universidades. Para ser competitivo, além de bons pesquisadores e docentes, precisamos que a máquina funcione. Vamos trabalhar com uma agenda positiva, aproveitando oportunidades.”

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